27 de agosto de 2013

Em uma tarde colorida de outono.

Meu avô aproximou-se de mim com aquele ar adoravelmente rabugento e com aquele livro velho de sempre nas mãos. Talvez ele estivesse revirando o porão em mais uma de suas "operação casa limpa", só sei que lembro-me do cheiro de mofo e alfazema que meu avô exalava mesmo com os poucos alvos cabelos molhados do tipo pós-banho-de-gato.
Tomei bênção daquelas mãos que trabalharam uma vida inteira quase sem descanso, mãos talhadas, mãos desenhadas e bem traçadas com as fortes linhas do destino.
Nem sequer um sorriso eu ganhei, ao invés disso, fui presenteada com três moedas de um real. Exatamente! Meu avô sabia o que me deixava mesmo feliz!
Lembro-me de caçoar de sua velha pança gigante, e antes que minha avó o chamasse para jantar, ele apressou os desajeitados passos em direção a sua cadeira de balanço, ignorando-me completamente.
Meu avô sentou-se e pôs-se a ler, e graças a poesia que só a experiência inspira, olhando para ele de repente, lembrei-me do Papai Noel.

11 de junho de 2013

Lunática.

E a estrela surgiu tal como um meteoro fumegante, fitou-me nos olhos e enlaçou com anéis de Saturno todo o afago do meu pulmão. E quando de mim não havia mais matéria alguma, condenou-me a esperar em uma galáxia distante de todos, distante de qualquer órbita e de qualquer alinhamento gravitacional que pudesse alcançá-lo. E aqui estou eu novamente, feita de fases, reduzida a poeira cósmica, na espera por uma única e simples estrela que se faz astro a cada novo ciclo.

6 de agosto de 2012

Feminista, pois nem tanto.


Não sou feminista. Ok. Talvez eu seja um pouco.

Defendo direitos iguais para homens e mulheres. Menos no ônibus. Ah, por favor, no ônibus não!
Eu sei, eu sei. Você deve estar se perguntando o que eu quero dizer. Primeiro deve ter levantado uma ideia bizarra que grita um questionamento também bizarro. "Quer dizer ter acentos preferencias para mulheres, assim como para idosos, deficientes e gestantes?" . É isso aí - como diz a Ana Carolina.
Você pode tá achando a minha ideia ridícula, bizarra e injusta. Muito injusta. 
Pois, eu não ligo. Sinceramente, acredito fielmente que tal proposta, se for posta em prática, melhorará a vida de todos nós dependentes e consumidores fiéis dos confortáveis transportes coletivos.
Ok, para! Você tem razão, eu me enganei... os nada confortáveis, transportes coletivos.
Defenderei minha 'tese' por parte, let's go! O argumento principal, parte-se de um fato super existente que me provocou essa revolta, com cheiro de revolução e sede de vingança (uma vingança boa). Tarados! 
Se você amável leitor for um desses oportunistas e faz parte da gangue mais deprimente de todos os tempos os TDB - Tarados Do Busão, por favor, contenha-se! Apesar de eu não acreditar em hábitos ruins de leitores. Porém, nunca se sabe!
Os TDB existem de monte espalhados por cada mísero canto do ônibus. E eles tem mesmo a incrível capacidade de se contorcer, em um ônibus que não cabe mais nem o mais magro dos espíritos, só pra dar uma "esfregadinha" no sexo oposto, ou do mesmo sexo, em casos mais raros. Isso é abuso! E o pior, não dá cadeia. Deveria dar cadeia. Isso mesmo, C-A-D-E-I-A. 
Não digo que não tenha mulheres taradas por aí, por que tem de sobra. Mas façamos uma pesquisa e verificaremos os índices de esfregação. Os homens disparam. Se não acredita, faça você mesmo a pesquisa.
Eu não sou aquele protótipo de beleza padrão, não mesmo. E mesmo assim, passo por algumas situações frustrantes e nojentas que prefiro não relatar. 90% das mulheres já deve ter tido uma experiência nada significativa dessas. E nem precisa ser bonita. Basta não ter pênis.
Outro detalhe importante a mencionar, é o fator MENSTRUAÇÃO. 
Não é doença, mas provoca instintos medonhos. Cólicas, calor e TPM. Essa não quero nem mencionar. Há casos graves disso, queridos. 
Pois o fato é: mulher sente uma série de fatores biológicos que nos favorecem aos acentos. E ainda por cima, tem que aturar efeitos biológicos hormonais dos outros. Não é fácil. Somos mesmo guerreiras.
É isso queridos, espero que tenham entendido minhas humildes intenções. Claro, é difícil de concordar com ela. Mas eu levei tempo para elaborar minha 'teoria', já conversei a respeito e escutei maravilhosos argumentos contra essa minha ideia pretensiosa. Mas, eu amo mesmo ouvir opiniões. E não mudei a minha, ainda.
Enquanto isso, contamos  com alguns poucos gentis cavalheiros, que com um sorriso nos chamam pra sentar. no seu acento e não  no seu colo.

2 de agosto de 2012

Moldes (im)perfeitos.

A subjetividade é extremamente fascinante e absolutamente inata. Ao menos, deveria ser.
Desde quando nascemos somos induzidos. Somos induzidos a vida toda. E isso é bom na maioria das vezes. Mas e quando não é?
É fato que escola, família, religião e comunidade nos moldam, nos mudam e nos ajudam a manter o equilíbrio. O tão complexo equilíbrio.
A questão é que, somos moldados tão arduamente, que mesmo quando algo ameça nos retirar do nosso eixo, somos logo impulsionados de volta para os nossos movimentos de rotação e translação diários. Mas, aquilo que nos constrói e nos fortalece, também nos destrói e nos enfraquece. Aquilo que nos faz crescer com princípios, também nos torna principiantes do crime e da ambição, pois, as sociedades são diferentes em determinadas regiões, devido principalmente aos desníveis econômicos, como todos sabemos.
O acesso a educação não é para todos, e quando é, não é igual. A saúde, a moradia, a religião, que pra uma parte é palpável e real, para outra é algo nada além da utopia.
É meus amigos, "na vida a gente tem que entender, que uns nascem pra sofrer, enquanto o outro ri". 
E já que a sociedade não pode ser igual em todos os casos, a subjetividade deve ser igual em todos os seres.
Talvez devido aos tantos desníveis que observamos no caminho, eu não sou tão crente em destino, em uma vida milimetricamente traçada. Acredito em nossa real capacidade de mudar, de escolher, de acertar e errar. Por isso, eu creio numa subjetividade inata, real e libertadora.
E é a minha crença que me motiva a perguntar: O que você é? O que você quer ser?
Eu não me refiro no âmbito profissional, numa carreira. O que eu tenho a audácia de lhe perguntar é o que você gostaria de ser em um âmbito muito maior do que tudo isso aqui, do que todas as interferências que você já sofreu e causou. É algo realmente só seu, algo que lhe diferencia dos demais, que lhe faz único e incomparável, além de suas impressões digitais, claro.
Bem caros, já fui invasiva por um instante, interprete como quiser. A subjetividade é toda sua.

20 de maio de 2012

O pouco imenso que nos resta.

Eu sempre tive muito medo de perder qualquer mínima parte de mim. Não me refiro somente a perdas físicas, como algum membro. Mas também, de perder alguma característica minha, alguma parte do meu EU.
Aliás, eu sempre fui muito encucada com isso. Sempre me questionei muito a respeito do meu verdadeiro 'eu'. Inclusive, ainda me questiono e busco respostas freneticamente para os meus questionamentos internos. Algumas horas mais intensos, outras mais felizes e amenas.
Mas, eu sou uma pessoa complicada que aparenta muitas vezes ser previsível demais, vulnerável demais. E daí surgem os contrapontos.
Poucas pessoas me conhecem a fundo - posso conta-las nos dedos de uma mão. São pessoas, as quais, conto quase tudo. Pessoas em que eu confio os meus maiores medos.

Mesmo assim, eu não me importo muito com o que as pessoas pensam, ou falam de mim. Digo isso com a maior sinceridade das palavras. Por sinal, me recuso a mentir aqui.
Podem pensar o que quiser, eu vou tentar sempre ser eu mesma.
 O que me frustra muitas vezes em relação a esse pequeno-grande mundo da amizade, é ser "obrigado" a agir da forma que convém. Não, não da forma que você é! Ou da forma que você agiria com as poucas pessoas que conhecem você a fundo. Tem que agir no social, sem perder uma miníma parte do seu 'eu'. Isso é uma tarefa difícil, e não adianta dizer que isso é bobagem, que "seja você mesmo que seja estranho ou bizarro". As pessoas se mudam, ferem seus princípios muitas vezes, pra não sofrer bullying, pra não se sentir excluído, menosprezado, tudo pra ser conveniente com a sociedade. Bosta frustrante!

Eu acredito que todo mundo quer se encontrar, no fundo no fundo. Por isso, tem que fazer o que convém pra si, e não pra sociedade. Mas isso também é errado, pois o meu limite acaba quando começo interferir no limite do outro. Esta é uma das maiores leis da vida.
Na verdade, eu creio que eu tenho um pé atrás com esse negócio de ser uma "metamorfose ambulante". Eu acho lindo. E sou. Mas, não sei se queria ser.
Então onde se encontrar? Eu só vejo uma resposta: Deus, por que o que procuramos é realmente, o caminho, a verdade e a vida!
No fim de tudo é só você e você. E Deus, porque ele sempre vai estar lá e Ele é o único que sabe realmente quem é você, e é encontrando-o que você se encontra.

10 de abril de 2012

E volta o cão arrependido!

Olá polvo! Sem rodeios nesta madrugada. Infelizmente, assumirei minha vergonha publicamente, perante todos vocês, devido a minha forma de agir como um verdadeiro político. Justamente um político! Salve as exceções, mas não costumo me inspirar em certos tipos de gentalhas. Se é que vocês me entendem.
Mas, é a verdade nua e crua, eu fui uma deputada neste blog, prometi, prometi, prometi e não cumpri.
Meus papos de dar dicas toda semana, postar no mínimo de duas em duas semanas e blá blá. Papo furado! Conta outra, malandra! Não argumentarei ao meu favor, apesar de ter inúmeras razões para justificar a minha ausência destes aposentos... Estudo, dança, trabalhos, falta de criatividade.
Odeio essas temporadas de perda total de estímulo e criatividade.
Mas como em tudo, somos forçados a tirar proveito das coisas. Eu aprendi a lição de não fazer mais promessas dificies. Ou melhor, de não fazer mais promessas. Especialmente, em rede mundial-virtual, onde você  não pode apagar, por que seria um afronto a mim, e à vocês.
É, caros amigos. Agora eu to cheia de novidade, cheia de criatividade, mas não poderia começar espalhando-as aos quatro cantos do HD, sem antes dá um sinal e oferecer-lhes minhas desculpas sinceras. Fica pra um próximo post, as minhas novidades.
Esqueçam as dicas semanais, e os textos cuspidos a cada duas semanas. Eu vou deixar fluir, pra ver se posto alguma coisa mais apresentável a vocês.
Aliás, eu prefiro isso aqui livre, escrever de acordo com o meu humor. Até por que, esse blog foi criado por diversão e não por obrigação. Ora ora, pois pois!

Quando quiser compartilhar algo mais com vocês, não vou hesitar.
Ps: Isso não é uma promessa!

O cão arrependido se despede com suas orelhas grandes e com o rabo entre as patas.

16 de fevereiro de 2012

Cinco pontos de um conto: Casal retrô.

Eles caminharam ao redor da praça povoada, tomaram sorvete de limão e conversaram no banco, sobre a estação. Eles foram ao cinema em uma distância segura, mas voltaram de mãos dadas.
Enquanto ela ia embora, ele a olhava e imaginava como seria o seu corpo.. até que Maria levou a mão ao coração e com um gestou gracioso, saudou Fred com um sorriso. O homem acreditara jamais poder tocar o coração daquela dama e desajeitado também lhe sorriu, ansioso para que o dia seguinte chegasse e a manhã da próxima estação arrancasse outro demorado sorriso de Maria. Assim ele poderia vê-lo melhor.
E assim aconteceu... Ele chegou à casa do pai de Maria. Um pai severo, rigoroso. Adiantou-se em suas palavras, e suas frases foram doces e formais como as de um verdadeiro cavalheiro. Com um aperto de mão sem sorriso, o pai de Maria disse ‘sim’. Fred e Maria começaram a namorar naquele dia, na casa dela, três vezes por semana. E não havia outro homem, não havia outra mulher. Somente os dois.
Naquela relação não havia traição, não havia desrespeito. Havia apenas, uma sensação boa e estranha. A vontade de ficar perto e a paciência pacífica de se olharem nos olhos. Havia juízo, planos e luz. Havia compromisso.
Num amor onde cada um respeitava o tempo do outro! E no fim, valia a pena. Era difícil. Por isso, a união não era apenas uma escolha, era uma verdadeira conquista.