27 de agosto de 2013

Em uma tarde colorida de outono.

Meu avô aproximou-se de mim com aquele ar adoravelmente rabugento e com aquele livro velho de sempre nas mãos. Talvez ele estivesse revirando o porão em mais uma de suas "operação casa limpa", só sei que lembro-me do cheiro de mofo e alfazema que meu avô exalava mesmo com os poucos alvos cabelos molhados do tipo pós-banho-de-gato.
Tomei bênção daquelas mãos que trabalharam uma vida inteira quase sem descanso, mãos talhadas, mãos desenhadas e bem traçadas com as fortes linhas do destino.
Nem sequer um sorriso eu ganhei, ao invés disso, fui presenteada com três moedas de um real. Exatamente! Meu avô sabia o que me deixava mesmo feliz!
Lembro-me de caçoar de sua velha pança gigante, e antes que minha avó o chamasse para jantar, ele apressou os desajeitados passos em direção a sua cadeira de balanço, ignorando-me completamente.
Meu avô sentou-se e pôs-se a ler, e graças a poesia que só a experiência inspira, olhando para ele de repente, lembrei-me do Papai Noel.